Sunday 11 May 2008

A vida é engraçada

A vida é engraçada. Pelo menos assim eu a vejo. Hoje acordei pensando na minha família, não sei porque, mas levantei lembrando do meu pai, da minha irmã cabeça de vento, do meu irmão indeciso e, lógico, da minha mãe.
Gosto da minha família, mesmo com as imperfeições e todas as coisas absurdas pelo que passamos. Admiro o espírito lutador da minha mãe. Respeito as escolhas de minha irmã. Entendo muito bem meu irmão e estou ainda aprendendo a conhecer meu pai, porque esse é difícil de se compreender. Aliás, as coisas que meu pai já fez dariam um post só pra ele. Vou pensar nisso...
Enfim, pensando na minha família, comecei lembrar das que tive o prazer de conhecer. Não sei se pelo respeito inconsciente, mas sempre fiz questão de conhecer os pais de meus amigos. E o que se percebe, na maioria das vezes, é que os pais, por mais toscos que sejam seus filhos (no caso, a maioria de meus amigos), sempre nutrem um carinho e uma preocupação absurdamente incompreensível. Talvez eu não entenda porque ainda não sou pai.
Meu amigo P., por exemplo, tem uma família sui generis. Apesar de ter um irmão meio desvairado, a família deles ainda mantém um laço de união digno daqueles italianos que perdem a vida, mas não o companheirismo.
Meu amigo C. também tem uma família extraordinária. A família dele é a prova, para mim, de que eventuais tropeços do passado são infinitamente insignificantes ante as conquistas, fruto de difíceis batalhas, amealhadas no presente. Créditos ao meu amigo C., sua mãe e seu pai, aos quais devoto muito respeito e carinho.
O R. também tem uma família fora de série. Eu me lembro muito bem de um dos episódios mais marcantes de uma época que jamais vai ser esquecida. Eu, o C. e o R. saíamos sempre juntos. Como eu era o único que tinha carro à época, passava na casa de um e de outro antes de acharmos alguma festa de algum desconhecido para invadir. É isso mesmo, nós nunca éramos convidados para as festas, mas isso não nos impedia de “causar” nos ambientes dos mais variados estilos. Bem, uma dessas festas, não me lembro onde (óbvio), chegamos na casa de meu amigo R. completamente bêbados. Eu estava pior, eis que meu organismo não simpatiza muito com fermentados. Logo quando chegamos no apartamento de R. vomitei no chão do seu quarto. Acabei dormindo por ali mesmo, acompanhado das coisas que estavam no meu estômago.
No outro dia, pela manhã, acordei sem lembrar o que tinha ocorrido e não entendendo porque minha roupa estava cheirando tão mal, já que não havia no quarto nenhum sinal de que algo de pior havia ocorrido. Pasmem, senhores: a mãe de R. teve o trabalho de retirar o lençol todo vomitado, limpar as coisas do chão e sequer me acordou para “acompanhar” todo o processo. E o pior não foi isso. Quando chegou a hora de almoçarmos (siiiim, pasmem novamente, nós, eu e C. ainda fomos convidados a almoçar lá), eu com um perfume inconfundível de mendigo, não sabendo onde enfiar a cara já que, àquela hora, tinham me contado o que acontecera, entra na cozinha a mãe de R. e senta-se à mesa. Eu tremia: não sei se de medo ou de vergonha. Ou dos dois. Então ela me olhou e perguntou: você conhece a história do Mineirinho? Caraaaaaaaaaaaaaaaalho, que história seria essa? Será que o Mineirinho era um cara que foi arremessado do 6º andar de algum apartamento pela mãe enfurecida do amigo? Não. Eu não conhecia a história. Então ela começou a narrar durante o almoço. Todos prestando muita atenção, eis que estavam aguardando o momento de levar aquela mijada inesquecível que serviria de herança para os filhos e netos. "O Mineirinho nunca havia viajado de avião. Com medo, sentou-se ao lado de um cavalheiro distinto, o qual trajava terno e gravata e estava dormindo, já que a viajem seria longa. Quinze minutos depois de decolar, Mineirinho estava amarelo, passando mal e em completo desespero. Foi quando, não segurando mais a ansiedade, nem a salsicha, o arroz, o tomate e todas as outras coisas que havia comido no dia anterior, despejou tudo no companheiro de viagem, que ainda dormia seu sono de pedra. O avião pousou, o cidadão ao lado de Mineirinho acordou e, vendo aquilo tudo em sua roupa, sem entender o que acontecera, olhou para seu amigo quando este, de pronto, lhe pergunta: 'Miorô?'”
Quer dizer, eu não entendia direito o que estava havendo. Eu tinha vomitado em todo o quarto de R., feito uma merda total, e ainda assim a mãe dele, que teve de limpar tudo aquilo, estava fazendo piada com a situação. Foi então que eu percebi que R. era um cara de sorte, pois tinha uma família especial e, principalmente, uma mãe de espírito elevado. Até hoje, numa roda de bar, a história é sempre lembrada. E eu sempre sinto um misto de admiração e carinho pela mãe de R., que sempre nos tratara como seus filhos.
Então, pobre cidadão leitor deste blog, o presente post tem a intenção de fazer você lembrar e ter a certeza de que sua família é a melhor coisa de sua vida. Não é sua namorada, seu traficante, seu agiota, que vai pagar a tua fiança quando você for preso pelado, bêbado e todo cagado dentro do chafariz da praça.
Desejo um feliz dia da família pra você, porque o dia da sua mãe são todos os dias, durante toda a vida dela.

2 comments:

Jéssica said...
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Jéssica said...

Não adianta...nosso maior bem é a família... apesar de possuir o péssimo costume sempre meter o bedelho nos assuntos que causam conflitos familiares e que não me dizem a respeito, eu me considero uma garotinha de muita sorte sorte... sinto saudades e gritarias, bagunças, do meu pai divertido, da minha irmã patricinha, do meu irmão desligado e da minha mãe esquecida mas sempre agindo como a balança da casa... quero deixar aqui minhas felicitações para todas as mães e minha admiração por sempre tentar fazer seu lar o mais harmonioso possível...