Friday 11 July 2008

"Uma boliviana em minha vida"

Um belo dia resolvi ir à sala dos calouros que sempre tem cara de calouro e avisar que se alguma menina quisesse morar em Toledo, na casa aonde eu morava tinha um quarto. Na hora uma menina que não tinha cara de brasileira disse com um sotaque diferente " eu quero!". Uma semana depois ela fez a mudança porque na casa onde morava antes, ouvia barulhos desagradáveis dos casais que freqüentavam a casa e que não conseguia dormir, pois os gemidos e barulho de cama contra a parede eram intermináveis.
Primeiramente ela era super engraçada não só pelo sotaque boliviano (sim, ela é boliviana), mas também porque era a única que perdia horas vendo vídeos no youtube e gargalhando na frente do computador. Ela adora misturar o espanhol com o português principalmente quando quer falar rápido, um dia disse-me que havia colocado “magui” no arroz, eu super assustada achando que ela havia colocado algo diferente, ou alguma coisa estranha fiz com que ela repetisse umas três vezes até eu entender que era “caldo maggi”, o “chenchipre = gengibre” também foi motivo de várias risadas, e falar que as pessoas tem cabeça de pudim. Outro momento intrigante foi quando ela disse “minha irmã está virada num jiraya”. Jiraya? Da onde ela tira essas coisas? Ela também já disse “Eles gastaram um vidro de pintura azul na minha cara!” “Nadia, não é pintura, é tinta”, Também já disse “o cara tirou o último CD da vida dele” “Nádia, tiragem é de livro, ele lançou.” E sempre quando os pais dela ligam eu não entendo absolutamente nada!
Ela também disse que é coisa de brasileiro tonto dizer “pero que pero que no” ou "hola que tal" e passamos horas perguntando sobre a Bolívia e sobre os outros países na América do Sul, já que nós brasileiros, como bons estúpidos que somos a coitada já ouviu várias vezes “como está o presidente Hugo Chaves?”. Aprendemos várias coisas sobre a América inclusive que há uma Copacabana na Bolívia. Enfim, uma menina muito inteligente que enfrentou um país estranho, teve uma difícil adaptação com o português, mas superou e gostou tanto da palavra difícil que resolveu fazer engenharia química! (acho que ela é louca, mas uma louca que me faz rir muito). Tem umas conclusões inimaginável sobre as coisas que me faz pensar o porque dela pensar assim.
Sem dúvidas acabei tendo uma irmã boliviana! E depois que essa boliviana passou a fazer parte da minha percebi que a dificuldade está na cabeça, “é você quem faz que algo seja difícil.”

3 comments:

Jr said...

Que bonito ^^
E realmente somos nós que fazemos tudo ficar mais difícil :P
Maldito pessimismo e preguiça!
Logo volto a postar :)

Marcelo Lara. said...

acho que posso imaginar o que ela ta passando num pais que nao eh o dela...

eu to de saco cheio de dizer " sou brasileio" e ai do outro lado, um tonto ou uma tonta me diz:

tutto bienne, te gustas,mutcho,muchacha...

para muitos daqui, o Brasil fala espanhol...
é triste.
abraços.

Roberto 3 said...

eu tive o privilégio de conversar com ela sobre governos e posso afirmar que as mulheres brasileiras, no geral, precisam urgentemente deixar de acreditar que festas raves são mais importantes do que política. me dá vergonha em constatar que uma menina boliviana, que nem 25 anos tem, é muito mais engajada do que qualquer brasileira que conheço, a qual, no geral, passa boa parte de sua vida preocupando-se com a roupa a ser escolhida pra próxima balada... é deprimente...